Bobby

Muitos são os filmes que nos passam despercebidos aquando da sua primeira aparição nos cinemas. Acontece-me constantemente e tento corrigir essas falhas recorrendo ao formato DVD. Um desses filmes que, apesar do grande elenco, me passou ao lado é Bobby.

Bobby, para quem não sabe, é o nome “carinhoso” pelo qual o senador Robert F. Kennedy era conhecido. Neste filme acerca dos momentos que antecederam a sua morte, Bobby é uma personagem ausente, apenas motivando diferentes comportamentos naqueles que o acompanharam nos seus últimos passos.

Baseado em factos verídicos, Bobby leva-nos ao Ambassador Hotel, palco da vida de John Casey (Anthony Hopkins). Porteiro no local há já longos anos, Casey conhece superficialmente todos os que lá passaram. É neste hotel em que todas as personagens se vão juntar e viver com Robert Kennedy os seus últimos dias de vida. Edward Robinson (Laurence Fishburne) é o severo patrão da cozinha do hotel, que vai gerindo os seus empregados da forma que pode; Paul (William H. Macy) é o gerente do hotel com problemas conjugais. Muitas seriam as personagens para apresentar, mas mais vale generalizar e dizer que todos eles têm problemas pessoais, resolvendo-os com a ajuda de outros personagens, criando uma atmosfera bastante acolhedora até ao final do filme.

Muito intimista e brilhantemente interpretado, Bobby é sem dúvida um dos bons filmes que acabou por passar ao lado de muito boa gente. Sublime, inteligente, suave quanto revoltante, o filme consegue levar-nos directamente há América no final dos anos 60, inspirando-nos com as ideias de Kennedy e entristecendo-nos com a envolvência e motivações da sua morte. Mais do que um filme biográfico ou histórico, Bobby é, com certeza, um drama de admirável execução, falhando apenas nas demasiadas pausas narrativas que nos obrigam a buscar motivação em algo mais do que a própria história.

Outro motivo para este ser um daqueles filmes de gosto pessoal, são as fulminantes interpretações do grande e excelente elenco que o compõe. Desde a felicidade apática de Hopkins à exuberância entristecida de Sharon Stone e passando pela determinação de William Macy e pela demência de Demi Moore, Bobby vale pelos sentimentos provocados pelos ajustados comportamentos dos actores às cenas históricas já conhecidas. Realizado pelo ainda jovem, mas rodado no papel de actor e na realização de séries televisivas, Emilio Estevez (que está surpreendentemente bem), Bobby merece ser olhado com olhos de ver e não como mais um filme político: foge ao facilitismo da exposição dos acontecimentos e consegue realmente conectar-nos com a história.

Nota:

2 thoughts on “Bobby

  1. este fui logo ver a estreia!!

  2. Eulalia Moreno diz:

    Pelos 10 minutos finais vale a pena o filme( como vale!!). O resto, apesar do elenco maravilhoso é muito superficial, cheio de lugares comuns. A emoção chega com Bobby silenciando ao som de” The Sound of Silence”. Inútil a performance de Estevez como baterista, caricatas as participações dos dois jovens que se iniciam no LSD ( um hippe abancado no Ambassador é delírio do diretor). Saímos gostando de, Casey, Nelson, Miriam, Jose ( que ampara a cabeça ensaguentada do senador Robert Kennedy) e Miguel( que oferece um transistor para Jose ouvir o jogo de beisebol). Os personagens restantes são dispensáveis.

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