Watchmen

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Foi com alguma relutância que fui ver Watchmen ao cinema, na passada Sexta-feira. A quantidade alarmante de más críticas internacionais, bem como algumas nacionais, preocupou-me a ponto de já pensar que o filme seria mesmo um falhanço total. Mas, ao contrário disso, encontrei um dos filmes mais completos de sempre, no que se refere a adaptações de banda desenhada.

Baseado numa das mais aclamadas novelas gráficas de sempre, publicada nos anos 80 por Alan Moore e Dave Gibbons, Watchmen, o filme, é uma fotocópia cinematográfica da obra original. O meu conhecimento desta última não é muito alargado, resumindo-se (para já) aos 4 primeiros volumes, mas facilmente se percebe que, a nível estético, foi atingido um nível de similaridade tal que é difícil dissociarmos as duas obras. Não se pouparam esforços neste campo, como é facilmente visível pela excelente caracterização da personagens e cenários. Mas não é só aí que o filme se distingue. Quando vi o filme não tive em consideração toda a complexidade inerente na obra original, mas há medida que vou lendo mais me apercebo do facto de o filme tornar essa complexidade em algo igualmente desenvolvido mas fazendo-o de outra forma. Como seria impossível colocar todos os diálogos (ou monólogos) no filme, é perceptível que tudo isso é colocado de forma subliminar nas expressões das personagens e na forma como se relacionam. Há também a maravilhosa sequência dos créditos inicias que nos introduz ao passado de toda a acção, não tendo o espectador de especular como teria sido. Muito bem enquadrado e é mais uma prova de que o filme foi feito com um conhecimento superior da obra e das suas particularidades.

Zack Snyder, realizador responsável por 300, é já tido como um mestre na arte de criar cenas e cenários muito explícitos, concedendo-lhes uma beleza muito particular. Neste Watchmen faz tudo aquilo que se gostaria que um filme sobre Watchmen fosse: fiél, revolucionário (como o foi a novela gráfica) e épico. E não se enganem ao pensar que um filme de super-heróis (que não o são, na verdade) não poderá ser assim. Depois da experiência que tivemos com The Dark Knight, sabemos que tudo é possível. Na minha modesta opinião, Watchmen está no mesmo patamar do anterior referido. Talvez de uma forma diferente, mas com uma profundidade que o coloca num pedestal, para ser venerado ao longo de muitos anos.

É muito difícil falar sobre Watchmen, o filme ou a obra. Uma análise detalhada daquilo que representa daria pano para mangas, mas agora importa falar sobre o resultado cinematográfico. Talvez essa análise fique para mais tarde, quem sabe.

No que toca ao elenco só se pode dizer que todos foram escolhidos a dedo e todos eles souberam interpretar e representar muito bem cada uma das personagens. Destaque para o grande Jackie Earle Haley que torna Rorschach, talvez a personagem mais representativa do filme, num ícone a ser relembrado durante muito tempo. (Ah! E Malin Akerman que me faz desejar ser completamente espancado pela sua Silk Spectre II.)

A banda sonora encaixa como uma luva. A princípio estranhamos porque estamos à espera de algo mais épico em algumas cenas mas depois entranha-se de tal forma que acompanhamos a cantoria em plena sala de cinema.

As diferenças que, para já, notei em relação à banda desenhada não fazem com que goste mais ou menos do filme. A ideia é exactamente a mesma, com uma perspectiva diferente. E nem aí se podem apontar defeitos porque, como é óbvio, seria impossível transpor tudo para o grande ecrã em apenas um filme, e nas rápidas quase três de duração.

Acho que já me comecei a repetir mas o que importa mesmo é que adorei Watchmen. E fiquei ainda mais fascinado pelo universo que Watchmen representa. Toda a envolvente social (e o que a originou), as complicações que isso poderia ter causado (ou causou), a sociedade que ali se criou (ou poderia ter criado). Há muito, muito mesmo, a dizer sobre Watchmen. Não vou dizer que tudo o que se pode apreender da banda desenhado está retratado no filme. Seria hipócrita da minha parte. Mas, isso não faz dele um filme menos competente. Facilmente se poderia ter feito um filme que vendesse muito mais, que criasse muito seguidores. Mas Watchmen não caiu nesse facilitismo. O que me parece é que há demasiados puristas por aí… são “gostos” e “opiniões…

(sinto que ainda há muito para dizer sobre este filme. Talvez escreva mais qualquer coisa nos próximos dias. Mas, em vez de ficarem à espera que isso aconteça, levantem-se no sofá e invistam 5€ neste filme. Acreditem que o retorno é muito  recompensador.)

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3 thoughts on “Watchmen

  1. paulo von doellinger diz:

    cada vez estou mais desejoso de ver este filme. acho que quinta ou sexta irei dar um salto a uma sala de cinema 🙂

  2. Não superou nem defraudou as minhas expectativas. Uma das melhores adaptações de Comic Books de sempre para o grande ecrã!

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