Angels & Demons

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Confesso-me um aficionado pelos livros de Dan Brown. Podem não ser muito eruditos, metafóricos ou existencialistas mas dão um gozo danado a ler. É praticamente impossível parar. No entanto, e depois de ver The Da Vinci’s Code, fiquei algo decepcionado com a transposição da obra para o cinema. Apesar disso, nada me impediu de ver Angels & Demons (mesmo que apenas uns meses mais tarde…). Há que dizê-lo: apesar de não ser um daqueles must-see, é muito superior e muito mais apelativo do que o seu antecessor.

Se em O Código Da Vinci perdíamos imenso da envolvência do livro, principalmente por causa dos pensamentos omitidos e da narrativa mais histórica ofoscada, aqui em Anjos e Demónios acontece precisamente o contrário: conseguiram transpor parte dessa interessante narrativa para os diálogos, sem recorrer a malabarismos baratos como flashbacks ou representações dúbias do passado. Além disso, a história por si só é já bastante mais desafiadora e incessante.

Em Angels & Demons acompanhamos mais uma vez Robert Langdon, um simbologista e historiador americano que é, mais uma vez, chamado a resolver um caso relacionado com a Igreja Católica (de notar a inversão das referências: se nos livros, Angels & Demons precede The Da Vinci’s Code, aqui passa-se ao contrário). O problema desta vez é o rapto de 4 cardeais, aquando da eleição do novo Papa. Langdon é chamado pela polícia do Vaticano par tentar decifrar as ameaças que parecem partir de um grupo chamado Illuminati, uma sociedade secreta de cientistas que aparentava estar inactiva há centenas de anos. Numa corrida contra o tempo, tentando impedir um ataque contra o Vaticano, Langdon alia-se à Guarda Suíça, a uma cientista do CERN e aos representantes da igreja, na pele do Camarlengo.

Num registo negro, intenso e algo arriscado, Angels & Demons retrata quase fielmente o livro, apesar de lhe retirar alguns pontos (e bem, no meu entender) que poderiam tornar toda a história em algo mais pesado e não tão “realista” (se é que se pode dizer isso…). Tom Hanks não tem uma prestação de se lhe tirar o chapéu, mas também não é esse o objectivo. Nota-se uma evolução na sua representação dado que no filme anterior parecia algo apático e não tão envolvido na história. Por seu lado Ewan McGregor tem outro tipo de papel: mais intenso, mais desesperado, mais emotivo. Nada que não lhe fosse reconhecido, mas que eleva o tom do filme para algo mais interessante.

Na realização Ron Howard, como já disse acima, optou por algo mais sóbrio, mesmo com todos os efeitos especiais. Conseguiu captar quase na perfeição a adrenalina do livro e a sua complexidade. Não há grandes truques, nem se nota a sua marca. Mas era mesmo isso que queríamos: um filme que representasse um livro, sem demasiadas extravagâncias.

Goste bastante do resultado final. Não é um daqueles filmes que irei ver e rever vezes sem conta, mas certamente que, durante as mais de duas horas, me agradou e proporcionou momentos de entretenimento agradáveis. A ver, sem demasiadas expectativas e, se possível, com conhecimento do livro.

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2 thoughts on “Angels & Demons

  1. De Dan Brown só li A Conspiração e fiquei-me por aí. Não é que não tivesse gostado, até porque como entretenimento resulta muito bem. Mas a verdade é que é literatura fast-food, género que não adianta em nada…

    Quanto ao filme, considero-o tecnicamente superior ao Código Da Vinci. E embora tenha gostado dos dois (que têm bastantes falhas mesmo assim), este sim é melhor. Concordo com a nota.

    http://splitscreen-blog.blogspot.com/

  2. Tal como O Código Da Vinci, este é mais uma banhada que só Ron Howard sabe oferecer. O filme estraga tudo o que o livro teve para oferecer, não passando de uma sequência de cenas “iluminadas” dirigidas com o único propósito de render alguns dólares na bilheteira. Tom Hanks é muito bom actor, mas é péssimo neste papel, enquanto que a personagem feminina, ao contrário do livro onde é realmente significante, é aqui tratada como apenas mais um adereço ao filme. Enfim, péssimo.

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