SICKO

Michael Moore é, sem margem para dúvida, o mais polémico dos documentaristas da actualidade. Depois de Bowling For Columbine o ter lançado para a ribalta (embora já com Roger & Me se tivesse demarcado da “concorrência”), lançou uma discussão enorme sobre a guerra no Iraque com Fahrenheit 9/11 e agora volta a atacar o seu próprio país com um documentário sobre o serviço nacional de saúde dos EUA. SICKO não é tão ambicioso como os dois anteriores nem comporta o profissionalismo dos seus precedentes mas mesmo assim consegue, mais uma vez, por as mentes a questionarem-se sobre a maior nação do mundo.

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Acima de tudo SICKO é um documentário para as massas, e Michael Moore sabe como fazê-los, deixando de lado muito do factual e apelando ao lado mais sentimental do espectador. Com isto não quero dizer que o que é contado no filme seja falso; nada disso… apenas que é hiperbolizado em algumas situações dando a sensação de ser mais tendencioso em detrimento da objectividade. E é aí que SICKO tem o seu tendão de Aquiles: apesar de sermos totalmente absorvidos pela realidade vivida e recontada nas inúmeras situações descritas no filme, ficamos sempre de pé atrás com os comentários tendenciosos e situações “ensaiadas” para nos fazer acreditar fielmente no produto final.

Acredito e sei que realmente muito do que lá se passa é verídico mas, enquanto produto de marketing e propaganda, perde força face à realidade nua e crua.

No entanto, e como já é hábito nos textos que se vão fazendo sobre Michael Moore, é preciso louvar o trabalho e coragem deste face aos entraves que certamente encontrou para realizar este filme.

SICKO é um documentário “blockbuster” e é por isso que se aceitam e até acabam por se agradecer todas as lamechices que nos impinge. Caso não fosse assim a mensagem não chegaria tão longe…

Nota:

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2 thoughts on “SICKO

  1. Knoxville diz:

    Em Portugal vemos sempre os mesmos nos jornais, obra após obra, a corrê-lo com bolas negras. De “palhaço político em guerra primária ideológica”, ao estanho facto de o realizador que “apenas” foi o autor de três dos cinco documentários mais vistos em todo o mundo só conseguir duas salas em terras lusas, uma coisa é certa: algo de errado se passa quando o que é analisado cinematograficamente é sua posição ideológica e não a sua sagacidade, inteligência e astúcia em comunicar o que pretende, através da sua câmara. Porque mais do que um indispensável guerreiro social e político, Moore é um documentarista portentoso e provocador.

    Um abraço Simão!

  2. Concordo perfeitamente contigo e espero que tenhas percebido o porquê das críticas que lhe fiz. Não porque não concorde com o que faz ou diz mas porque soa a “falso” a muita gente.

    Mas claro que algo está muito mal se não chega aos cinema e ao público. Mas isso também parte das distribuidoras que estão mais preocupadas com o lucro (o que é normal) em vez de também se interessarem por um pouco de serviço cívico.

    Abraço Knox!

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